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sexta-feira, 3 de junho de 2011

Pra sempre ...



O que é perder alguém pra você? Segundo meu amigo Aurélio, significa "deixar de ter alguma coisa útil, proveitosa ou necessária, que se possuía, por culpa, descuido do possuidor ou desgraça." Segundo o coração significa um transtorno sem fim, causando por si só uma dor, que então seu sinônimo da o sentido de tudo que sente, quando se perde algo, ou alguém"desgosto, mágoa, pesar"
Você diz pra si mesmo que vai superar ou diz que nem o tempo vai te curar. Diz e contradiz. E mesmo assim a unica coisa que você realmente sabe é que dói. E dói muito. Dói ao ponto de tentar desistir ou desistir de tentar.
Toda pessoa, já teve uma experiência dessa, já enfrentou esse desafio e descreve a sensação de maneira diferente. Perder alguém para a morte, perder alguém para longe, perder alguém para outro alguém. Cada um com sua dor, cada um carregando o peso de sua cruz. Alguns dizem que o tempo cura este sentimento, mas não, ele só ameniza.


(...)
O que você faria para amenizar a dor que sente? Bom, Caio se isolou. A ultima semana de provas, ele só compareceu nos dois últimos dias, tudo bem... suas notas eram ótimas. Na lanchonete, ele preferiu trabalhar na cozinha. Logo, a preocupação dos amigos e da família. Ele fazia o possível para não demonstrar o que estava sentindo, mas o olhar de alguém desiludido não mente, nunca.
Sua casa estava uma agitação quando o fim de semana chegou, seus pais e sua irmã mais nova iriam viajar. Eles tinham uma casa no litoral norte, e finalmente todos conseguiram pegar férias no mesmo período.
_ Caio, se decida logo, você vem ou não vem com a gente? - A mãe de Caio era a pessoa mais doce e amigável que existia na terra, ou no conhecimento dele. Ela mais do que ninguém queria ajuda-lo.
_ E se eu preferir ficar em casa?
_ Sozinho? Mas do que você já esta? Eu respeito suas escolhas, você sabe. Mas eu, como sua mãe, não quero ver você assim. Quero que saia desse quarto e de frente dessa televisão velha que chia a noite inteira.
_ Mãe - levantou da poltrona para arrumar suas coisas e deu um beijo em sua testa- o que eu não faço por você.

No outro bairro mais próximo estava ela, Sophia. Fingindo naturalidade, agindo como sempre agiu, fazendo as coisas que sempre fazia. Mas não existe ator bom o suficiente para aquela pontada de dor inevitável. Suas canções não eram mais escritas, o som do seu violino ganhou uma melancolia mais notável. Quem a conhecia de verdade sabia que por fora ela estava sorrindo mas que toda a noite antes de dormir, aquela lágrima a assombrava... Por dentro, Sophia estava gritando.

A viagem de Caio foi tranquila, lenta... Fone no ouvido e músicas para dormir. "Como se adiantasse alguma coisa" ele pensava. Ele não sabia o que esperar daquelas três semanas de férias, naquelas quatro semanas sem Sophia. Mas ele estava com coragem suficiente para tentar o que quase ninguém tenta fazer. Não era uma promessa, muito menos um desafio, ele havia determinado que aquilo seria feito.Ele iria esquece-la.
Chegando na casa, todos estavam cansados, já estava quase no fim de tarde e todos foram dormir, quase todos. Caio, que conhecia aquela cidade como a palma de sua mão, caminhou até a praia mais deserta que ele conhecia... aquela época do ano só era convidativa para molhar os pés a beira mar, somente surfistas se arriscavam naquela água gelada, mas aquele dia, não havia ninguém, só ele caminhando em companhia do mar e do pôr-do-sol incrivelmente lindo. Caio tentava se esquivar do passado, não chorou desde que tudo havia acabado, ele sofria em silêncio, e mesmo havendo determinado que não pensaria nela, alguma coisa estava prestes a impedir que ele a esquecesse. A luz do sol se pondo que refletia na beira do mar de águas cristalinas, lembrava toda aquela perfeição que Sophia tinha no olhar. E a partir daquele momento Caio só teve uma certeza. As lembranças dela o sufocaria sem que ele pudesse impedir... machucando e desiludindo, impiedosa e sinuosa.

Continua...

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