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sexta-feira, 3 de junho de 2011

Leviano .



Ele chega mansamente, com os melhores sorrisos, as piadas mais engraçadas, a maior atenção e compreensão, o melhor abraço, a possível sinceridade e verdade de um relacionamento duradouro. 
Possui arraigado em si a facilidade de fazer com que se sinta a melhor mulher do mundo, despeja sobre a sua monótona existência um vocabulário (pré-selecionado e preparado) que ressalta a sua importância e o modo no qual transformaste a vida dele.  Ao seu lado, as noites serão melhores, as luas, maiores, as estrelas brilharão mais forte, o céu terá mais vigor e o sol, certamente, aquecerá bem mais. Ele substituirá a antiga solidão por um abraço quente, as lágrimas pelo sorriso; a tristeza, por inundações de palavras doces e ternas.
Quem sabe, ele te apelide de meu anjo, minha linda, meu bem, minha querida, minha flor (entre infindáveis termos que poderiam ser citados) e diga que a sua presença na vida dele foi inesperada e totalmente providente. Que conseguiste derrubar o muro com o qual ele envolvia o coração e que, desse modo, o conquistaste. Palavras não faltarão, calor também não. A essa altura, completamente envolvida, não se percebe mais que a qualquer "eu te amo" proferido, ele propõe uma noite tórrida, entre lençóis perfumados, música ambiente e loucuras recompensadas por um amor que se considera real. Talvez o relacionamento até dure alguns meses. Se tiveres "sorte"(?), quem sabe dure alguns anos. Você, embalada pela ilusão de um grande amor, agradece todos os dias por ter encontrado alguém assim: romântico, preocupado, compreensivo, amoroso. Passa a fazer planos nunca antes imaginados, sonha com um lar, filhos, família... Ele apenas vive o momento, em mais uma de suas aventuras infinitas, ri da própria conquista, exibe mais um de seus troféus para os amigos... E ludibria, engana, corrompe, devasta. Como mágica, contudo, um dia ele muda. Às suas ligações não dá mais atenção, não responde aos e-mails, bloqueia no bate-papo para que você não o incomode com as suas lamentações e o papo de mulherzinha. Justifica a ausência com milhões de desculpas infundadas e ridículas e simplesmente some. Você, que não compreende o que está acontecendo, tenta encontrar razões para o desaparecimento do rapaz. Onde teria errado? Teria faltado amor e carinho? Deveria ter se dedicado mais (mais?) a ele? Porém, nesse momento, já existe outra vítima selecionada. Mais um corpinho bonito que ele pretende utilizar e exibir vitorioso, entre juras de amor eterno e frases românticas em todas as redes sociais. Com o tempo, você entende, pois para tudo há limite (até mesmo para a falta de inteligência). E o vê passar sempre, cometendo os mesmos erros, agindo do mesmo modo, conquistando, utilizando e devastando corações ao longo do caminho. Ele, pretensioso do jeito que é, considera você uma conquista permanente, um porto seguro para o qual poderá voltar, assim que desistir da nova presa. Você, entretanto, já sabe que o que ele faz melhor é desperdiçar amor: aos quilos, às toneladas. Joga ao vento como se fosse descartável. Não se prende a nada nem a ninguém, não consegue sentir amor por nada que esteja fora do seu corpo. Esconde-se atrás da máscara de bom moço e trabalhador, de boa praça, honesto e verdadeiro.
De fato, não há em seu ser uma vírgula de verdade sequer. Esbanja palavreados que são previamente estudados, com o intuito apenas de atingir os seus objetivos. As pessoas lhe são úteis por determinado tempo, sendo depois descartadas como embalagens não-recicláveis.
Leviano, orgulhoso das conquistas, do engano, da diversão. E vazio. E oco. E só

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