Pages

domingo, 1 de maio de 2011

Banal .



A humanidade reclama que sente um vazio inexplicável, que sofre, chora, sente falta de algo, sem saber o porquê e o que é. Nunca ouvi e li tanto sobre amor como nos últimos tempos. Esse genuíno, que brota do âmago do nosso ser e que não é passageiro, ao contrário, eterniza-se. Temos sentido falta de sentimentos verdadeiros, de reciprocidade, cumplicidade e entrega. Temos nos sentido sós. No entanto, o amor, motivo central de nossa busca por felicidade, tem sido banalizado e confundido com prazer carnal, com objeto descartável. 
Criamos uma cultura que vulgariza o que tem valor e substitui por outra, mais rentável, prazerosa e transitória, por assim dizer. Tem-se, portanto, a valorização do sexo (sem compromisso, instintivo) como algo que pode nos trazer a mesma sensação de completude e grandeza que o amor proporciona. Uma falácia que é absorvida por muitos e transformada em estilo de vida. Contudo, quanto mais se banaliza e se tenta substituir algo tão nobre, mais vazio se torna, numa solidão que se arraiga e mina a verdadeira capacidade de amar. E, depois de usados, decepcionados, perde-se a confiança no outro, como se todos (ou todas) fossem iguais e desejassem o mesmo, como se não houvesse espaço para as coisas boas que podem surgir. Muitos passam por esse ciclo vicioso de usar e serem usados até se sentirem completamente inúteis, até não verem mais sentido numa relação saudável a dois. Gera-se aí o medo de se envolver, de namorar, de se comprometer. E na correria diária, somos impulsionados a crer apenas no que é supérfluo, breve, no que pode nos fazer felizes o mais rápido possível. Entretanto, essa felicidade passa tão depressa quanto chega. Então, nos vemos sozinhos novamente, entre os nossos desejos frustrados e sonhos não-realizados. Vemos a felicidade fugindo das nossas mãos, vemos pessoas especiais sumindo das nossas vidas sem que compreendamos a razão. O motivo é bem simples: quanto mais banal o amor se tornar na sociedade, quanto mais aderirmos à cultura que nos torna objetos de prazer de outrem, mais céticos, desconfiados e infelizes nos tornaremos. Menos relacionamentos duradouros teremos, mais cicatrizes e feridas colecionaremos. Mais rachaduras na alma, mais desprezo pelo outro, mais insegurança e medo adotaremos como parceiros. A solução ? Resgatar o amor como eixo principal de uma sociedade que desaprendeu a amar. Resgatá-lo nas famílias, nas amizades, nos relacionamentos entre homens e mulheres. Que entendamos que amar está em alta e que out é tornar-se fútil, dominados por atitudes que, sem amor, nos tornam seres descartáveis, banais, vis e peregrinos, numa busca equivocada (e infindável) por verdade e felicidade.